Narrative in Music: Jean Paul’s Die Flegeljahre and R. Schumann’s Papillons. Ekphrasis of Content, Psychology, and Form

Resumo

Estudos sobre narrativa em música frequentemente mencionam Papillons de R. Schumann que o próprio compositor conectou com o romance Die Flegeljahre de Je-an Paul Richter. Todavia, a maioria das análises se detém às questões de correspondências entre o enredo do livro e os temas musicais da peça de Schumann. Este trabalho propõe estabelecer uma conexão a nível mais profundo, baseado na noção clássica de écfrase, a sua expansão moderna como transmedialização (Bruhns) e o conceito de mediação estética (mitgesehen) proposto por Gadamer. A composição ecfrástica de Schumann, além das correspondências diretas entre personagens do romance e perfis musicais na peca, ocorre aqui em pelo menos duas outras dimensões, a saber, a cons-trução psicológica dos personagens e as suas representações formais. Ambas as categorias demonstram traços comuns com o estilo literário de Jean Paul. O escritor foi criticado por suas obras oferecerem pouca ação no enredo; da mesma forma, a écfrase nessa peça de Schumann se preocupa com algo mais do que apenas o enredo, utilizan-do estruturas musicais que são frequentemente rotuladas como ‘fora das formas clássicas’. Essas peças recriam para o ouvinte a experiência psicológica dos personagens no enredo, demonstrando assim o processo de trans-medialização como aquele onde a experiência de dois meios de comunicação diferentes, neste caso, a prosa e a música, podem expressar a mesma substância estética.

Abstract

Discussions of narrative in music often mention R. Schumann's Papillons, Op. 2, already connected by Schumann himself to Jean-Paul Richter's Die Flegeljahre. However, while most analyses dwell on the correspondences between plot and musical themes, this paper proposes a more subtle perspective, framed by the classic understanding of ekphrasis, its modern expansion as transmedialization (Bruhns) and Gadamer's mediation concept (mitgesehen). Schumann's ekphrastic construction, in addition to the direct links between characters in the novel and sections of music, ha-pens in at least two other dimensions: the psychological building of these portraits and their formal presentation, both spheres that present several common traits with Richter's literary style. Richter's plots are often criticized for lacking in action. Schuman's ekphrastic work is preoccupied with more than just a narrative plot, using musical structures labeled by musicologists as 'outside classical forms'. These pieces rec-reate for the listener the psychological experience of the character in the plot, therefore addressing the transmedialization process as one where the experience of the two different media (in this case, prose and music) can convey the same aesthetic substance.